CAATINGA 9 A derrubada constante das matas nativas da caatinga acentuou os períodos de seca, natural em regiões semiáridas, bem como a capacidade de retenção das águas das chuvas nos solos, pequenas lagoas e córregos. A apropriação das terras por latifúndios e fazendas no século passado expulsou estas populações das terras ocupadas, tornando-as empregados dessas apropriações violentas, sem que pudessem viver com autonomia e liberdade para plantar, caçar, pescar, coletar e, com isso, prover suas necessidades vitais. Nas últimas décadas, novos empreendimentos surgiram na Caatinga: mineração, produção de energia sustentável, agronegócio irrigado. A concentração de terras permanece para poucos, em detrimento da maioria. A convivência com o semiárido exige novas respostas e adaptações aos novos cenários. O modelo de desenvolvimento predatório em todo o bioma vem promovendo a supressão da vegetação, a perda da fertilidade dos solos, a poluição dos recursos hídricos, entre outros fatores, que resultam em Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD). As águas são disputadas por novos empreendimentos, e a Caatinga continua sendo derrubada para dar lugar a passagem de máquinas mineradoras e estradas para escoar a produção, água e energia. Os grandes projetos solares e eólicos consomem grandes quantidades de água para sua construção e manutenção, bem como a derrubada da mata para a construção de estradas e linhas de transmissão. A agricultura irrigada retira águas de barragens e rios, como o São Francisco, reduzindo sua vazão, priorizando lucros, contaminando suas águas com agrotóxicos e insumos, afetando drasticamente a vida das populações de sua bacia. A recuperação de áreas em processo de desertificação é importante para a construção de novas possibilidades de convivência com a Caatinga e o Bem Viver das populações sertanejas neste Bioma. Caatinga em tempos de seca
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