MATA ATLÂNTICA 17 AMBIENTE E SOCIEDADE - INTERAÇÃO DE PERMANENTE RISCO NO RIO DE JANEIRO A paisagem do Rio sempre foi motivo de orgulho para os cariocas. Os contornos desenhados nesse peculiar encontro de mar e montanhas e a interação humana com o território levaram a Unesco a declarar a cidade Patrimônio da Humanidade, em 2012, o primeiro título de paisagem cultural urbana da História. Essas mesmas características, no entanto, geram grandes transtornos quando há fortes chuvas. Nas encostas, a água ganha velocidade e o mar funciona como uma parede segurando o escoamento, impedindo que a cheia desça. Estudos acadêmicos1 apontam um aumento de até 30% no volume de precipitações nos próximos anos, em razão das mudanças climáticas. Assim, chuvas que hoje já provocam inundações, provocarão outras ainda piores, porque o nível do mar formará uma barreira maior. 1 Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A CIDADE NÃO PARA, A CIDADE SÓ CRESCE. O DE CIMA SOBE E O DE BAIXO DESCE” Chico Science O relevo montanhoso do estado do Rio de Janeiro, a descaracterização dos rios e córregos, o desmatamento da Mata Atlântica e a ocupação desordenada de sua zona costeira são alguns dos fatores que contribuem para a situação de extrema vulnerabilidade das grandes cidades e seus entornos. Morro do Bumba (Niterói), Petrópolis (Serra fluminense), Xerém (Duque de Caxias) e São Sebastião (Litoral Norte de São Paulo) são apenas algumas cidades do bioma que foram cenário de desastres socioambientais inseridos entre os mais trágicos das últimas décadas. Cada vez mais frequentes, esses eventos acabam por impactar a vida de populações de baixa renda e discriminadas por racismo, quase sempre as primeiras a sofrer as consequências dos desastres socioambientais.
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