172 Conclusões e recomendações No plano internacional, há que ter em conta as diferentes realidades e interesses que surgem num mundo assimétrico e complexo, onde o fenômeno da corrupção torna-se ferramenta subliminar dos acordos internacionais. Dessa forma, o precedente requer uma relação virtuosa entre o direito interno dos povos e nações com a esfera internacional sob a proteção da transparência da prestação de contas para garantir o acesso e a busca da justiça socioambiental. Pragmaticamente, trata-se da aplicação do Bloco de Convencionalidade para garantir não apenas a homologação entre os instrumentos internacionais e a legislação local, mas também a internalização de critérios e jurisprudências para dar dinamismo à legislação e, assim, poder estabelecer estratégias favoráveis à sustentabilidade com base no combate à corrupção e às mudanças climáticas. Esses são, por exemplo, os elementos que fazem do Acordo de Escazú uma agenda de importância urgente em nosso continente, além de explicar, por outro lado, a lentidão dos Estados em implementá-lo efetivamente. Como podemos ver nos capítulos sobre Governança Climática e Governança Ambiental, bem como sobre Mudanças Climáticas e a Relação Norte-Sul Global, o problema das mudanças climáticas invoca diretamente o princípio de responsabilidades compartilhadas, mas diferenciadas, o que abre as portas para o planejamento de uma agenda internacional em que os países do norte global devam assumir o compromisso com os Estados vítimas das assimetrias do sistema(sul global) sob à luz da justiça, da reparação e da cooperação internacional, a fim de mitigar e interromper as injustiças socioambientais. No entanto, a realidade do mundo é muito mais complexa e seus desafios não podem ser resolvidos apenas por meio de retórica diplomática e dispositivos legais cujo cumprimento repousa na vontade dos Estados e das corporações, prova disso é observar como, ainda hoje, os conflitos armados são explicados pela exploração dos recursos naturais e do suprimento de energia. Esse fato exige uma profunda reflexão sobre como os atores internacionais presumem agir em congruência com "nunca mais repetir as ações que colocam a humanidade em risco". De fato, dada a ineficiência desses espaços globais de negociação, somada aos altos graus de corrupção dentro de cada um dos países, muitas vezes operados por grande pressão, legal, ilegal ou alegal, do capital internacional, sob a ocorrência de muitos conflitos socioambientais e o
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