173 Conclusões e recomendações assassinato de defensores de direitos humanos em inúmeros territórios do nosso continente, esses espaços internacionais de debate sobre as mudanças climáticas são cada vez mais desacreditados pela sociedade em geral e são oportunamente denunciados pelos movimentos sociais como "falsas soluções climáticas" ou "balcões de negociação climática". Nesse contexto, devemos questionar se as ações tomadas para mitigar a crise climática, produto da exploração humana da Natureza, são realmente eficazes para além dos aspectos quantitativos; se levam em conta aspectos qualitativos, por exemplo, se violam ou não o sentimento de pertencimento das pessoas ao ambiente natural; se contemplam ou levam em consideração possíveis efeitos sobre os defensores do meio ambiente; ao ordenamento territorial e à integridade, à autodeterminação dos povos e das comunidades, enfim, o quanto o fenômeno da corrupção e da impunidade se traduz em violações sistemáticas dos direitos humanos e dos direitos da Natureza. Fato é que os efeitos das mudanças climáticas ligadas aos desastres e emergências são cada vez mais evidentes, situação que exige a necessidade urgente de os Estados articularem esforços e estratégias para mitigar as alterações climáticas e isto esbarra uma vez mais no enfrentamento à ausência de vontade política, bem como à presença de interesses contrários ao bem comum, cuja estabilidade econômica depende da manutenção do status quo da degradação ambiental, que retroalimenta claramente o fenômeno da corrupção. Ao mesmo tempo, intrinsecamente precisamos assumir e nos conscientizar de que a crise climática é um problema multidimensional que envolve a relação utilitarista que o ser humano constrói com a Natureza a fim de manter determinado estilo de vida. Nesse sentido, além de implementar mecanismos de combate a essas irregularidades e estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, devemos aprofundar a formação e a promoção de uma cidadania comunitária ecológico-ética em todos os territórios – global, continental, nacional e local. É fundamental termos uma influência significativa e com senso de urgência, das sociedades e de sua diversidade sociocultural, nos processos de eleição de autoridades e nas decisões governamentais sobre a definição, implementação e avaliação, por meio do diálogo e da transparência, de políticas públicas que cuidem simultaneamente do bem comum e da Casa Comum.
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