75 Isabelle Riberio integração municipal na governança climática nacional e global. Embora as unidades federativas no Brasil tenham autonomia reconhecida, as práticas de relações exteriores são conduzidas exclusivamente pelo governo nacional. Contudo, foi buscando apoio nas redes transnacionais de cidades (RTCs) que municípios do Brasil incorporaram objetivos globais na pauta climática local. As RTCs incluíram atores subnacionais na gestão global do clima como agentes coletivos. Isso possibilitou o fortalecimento das redes e municípios nas esferas decisórias de políticas ambientais e climáticas e assim houve o apoio das suas demandas junto ao governo nacional (Vigevani, 2006). Considerando as teorias sobre ação climática multinível, paradiplomacia e atuação de atores subnacionais, é possível afirmar que a presença internacional das cidades fortalece a ação coletiva mediada pelas RTCs na arena global, fortalecendo e promovendo o reconhecimento de seu papel no âmbito nacional. Macedo e Jacobi, em 2020, redigiram que a falta de dados impossibilita a confirmação, mas que as cidades impactaram nos compromissos brasileiros de redução de emissões de GEE e que o interesse crescente de GLs pelo tema de mudança do clima sugere haver espaço para políticas e medidas que considerem a dimensão climática na agenda municipal do Brasil de forma consistente. Evidentemente, a partir de 2016, também na análise do campo da governança ambiental climática brasileiro deve-se levar em conta os reveses da política nacional que destruiu um programa de governo engajado no combate às mudanças climáticas, com reconhecimento e legitimidade internacional, por um governo de ultra direita aliado ao agronegócio e à indústria extrativista nacional que desestabilizou os espaços democráticos de participação popular e municipal na construção das políticas públicas e, de forma direta ou indireta, legitimou o desmatamento e o negacionismo climático. 4. Povos e comunidades originários e tradicionais e a governança climática Os efeitos negativos das mudanças climáticas são sentidos de forma desigual pelas comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhos e outras coletividades que compõem as populações originárias tradicionais. Os impactos adversos são experenciados, também,
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