Inteligencia Artificial para un futuro sostenible: desafíos jurídicos y éticos

243 Mauricio Dal Castel tendência autorreferencial e retroalimentativa do capital sustenta a ascensão dos dados, mas também a subjetividade do sujeito neoliberal é peça fundamental deste fenômeno. Os viciados emdados, como denomina o autor, fornecem o material humano e, simultaneamente, a rede de consumo necessários e aptos a possibilitar a existência e persistência da situação. Segundo o filósofo sul-coreano: Hoje se coleta dados para toda e qualquer finalidade. Não são somente a Agência de Segurança Nacional estadunidense, a Acxiom, o Google ou o Facebook que possuem uma fome desenfreada por dados. Os adeptos do Quantified Self também são viciados em dados. Equipam seus corpos com sensores que registram automaticamente todos os parâmetros corporais. Mede-se tudo, da temperatura do corpo, ciclos do sono, entrada e perda de calorias, perfil de atividade e até mesmo ondas cerebrais. Até durante a meditação os batimentos cardíacos são protocolados. Mesmo o que acontece durante o descanso conta, portanto, para o desempenho e eficiência, o que na verdade é umparadoxo (Han, 2021a, pp. 72-73). A partir da percepção de que os dados e sua coleta massiva subjugam o sujeito ao imperativo da transparência que afeta virtualmente todos os âmbitos da vida, voluntariamente ou não, Han define este fenômeno como “protocolamento total da vida”, categoria estreitamente vinculada e até convergente com a do Quantified Self. O protocolamento total da vida consiste na catalogação virtual de todas as atividades desenvolvidas por determinado indivíduo, da construção de perfis psicológicos, da aferição de preferências como restaurantes favoritos, artistas prediletos, roupas e acessórios favoritos e até mesmo dados sensíveis como religião, orientação sexual e etnia, que são perfilados e acessíveis aos detentores destas informações. “Todo clique que eu faço é salvo. Todo passo que eu faço é rastreável. Deixamos rastros em todo lugar”, alerta o autor (Han, 2017b, pp. 121-122). Segundo Vicente Ordóñez Roig vivemos em um momento de superprodução incessante, em que objetos de todas as espécies invadem constantemente nossas realidades física e virtual; alguns destes objetos são tangíveis, ocupamum espaço determinado e limitado, outros, contudo, são intangíveis, armazenam-se em uma rede informática interconectada que se distribui através de praticamente todos os computadores e dispositivos eletrônicos, de smartphones a

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