Inteligencia Artificial para un futuro sostenible: desafíos jurídicos y éticos

249 Mauricio Dal Castel instrumentalização do indivíduo ao big data, conectado a uma rede onde servirá de matéria-prima e consumidor, funcionando, na analogia de Harari, como um chip dentro de um sistema gigantesco de um processor de dados. Assim, quanto mais chips o sistema obtiver sob seu controle, isto é, quanto mais humanos conectados, compartilhando, expondo, fornecendo dados e consumindo informações existirem, maior a capacidade computacional de armazenamento e processamento desses dados o sistema obterá (Harari, 2016, pp. 387-388). Tal como no clássico filme de ficção científica The Matrix, onde o protagonista, o hacker Neo, descobre que vive em uma simulação computacional e, em verdade, os seres humanos vivem em uma espécie de cápsula de imersão, onde sua energia vital é utilizada como fonte de energia para as máquinas que dominaram a Terra em um futuro distópico, enquanto as pessoas são mantidas anestesiadas por esta realidade virtual para que não acordemda simulação (Wachowski, Lana, & Wachowski, Lilly, 1999). Se tudo é previsível e controlável, todos as possibilidades futuras encontram-se inacessíveis aos seres humanos, uma vez que a sua liberdade criadora do futuro desaparece. O big data é incapaz, contudo, de perceber e distinguir aquilo que é especificamente humano, singular, único, permeado de nuances, pois é estático e estatístico, alimentado por dados que utiliza para interpretar o mundo. Ao humano, porém, a realidade apresenta-se e é por ele construída de forma diversa, imprevisível em grande medida, naquilo que é estatisticamente improvável, singular, característico de seu ímpeto criador. Justamente por isso, Han anuncia o fim da vontade livre humana: quando tudo é controlado e conhecido de antemão, a liberdade e espontaneidade do agir humano são fulminados (Galparso, 2017). O big data é capaz, inclusive, de prever desejos os quais sequer o sujeito os tem conscientemente. Indo além da previsibilidade do comportamento, o big data ostenta a capacidade de moldá-lo de forma despercebida pelo indivíduo manipulado. Isto é possível, primeiramente, em decorrência da estratificação massiva de dados privados, fartos o suficiente a proporcionar aos algoritmos responsáveis pelo seu processamento um acesso a detalhes particulares da vida de determinada pessoa uma análise minuciosa de sua personalidade, de suas necessidades e de seus desejos. Assim, comporta-

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