Inteligencia Artificial para un futuro sostenible: desafíos jurídicos y éticos

Big data e inteligência artificial: a ascensão das técnicas digitais de controle social 262 âmbitos da vida privada cada mais profundos e até mesmo do inconsciente do usuário, que servem de instrumento de dominação financeira e social (Melo, 2020). A virada descrita por Han da biopolítica para a psicopolítica relega a corporeidade para o segundo plano, uma vez que as novas técnicas de poder características do regime neoliberal evoluíram paulatinamente para atuar sobre a psique humana. Assim, o autor justifica sua visão do poder que, por consistir em algo incorpóreo, só poderia ser coexistente, e até mesmo dependente, à liberdade assim sendo, uma vez que a liberdade não é análoga aos processos físicos. Se há coação física, inexiste liberdade. A liberdade, portanto, não coincide com objetos físicos, materiais, e, portanto, tampouco o poder poderia coincidir. O filósofo sul-coreano justifica a sua teoria sobre a eficiência e prevalência do poder psicopolítico no regime neoliberal justamente por conciliar liberdade e poder. O poder eficiente não consiste no poder de constranger, coagir ou punir, que necessita de recursos volumosos para o seu exercício. A eficiência do poder psicopolítico reside na ausência de resistência, na voluntariedade daqueles que são por ele atingidos, na liberdade de serem dominados e explorados através da promessa de liberdade (Sastre, 2019). Diferentemente da análise realizada por Foucault na descrição da sociedade disciplinar e da biopolítica, a característica central da sociedade de controle digital teorizada por Han reside em uma divergência fundamental entre ambas: aquela era marcada pela negatividade, isto é, pela utilização e pela presença de elementos externos voltados para o controle, para a repressão, para a coação, para a normação, dos sujeitos e da população. Por outro lado, esta, a sociedade do controle digital, da transparência, é marcada pela positividade, ou seja, pela eliminação da negatividade e pelo incentivo, pelo estímulo, pelo consumo, pela exposição, pela comunicação, pelo exagero, pelos likes (que, ironicamente ou não, são representados por um sinal de positivo com o polegar erguido no Facebook) (Landázuri, 2022), pela eliminação, inclusive, da dor (Han, 2021c). “Quem quiser alcançar um poder absoluto deverá fazer uso não da violência, mas da liberdade do outro”, aduz Byung-Chul Han (2019, p. 16). Segundo o autor em sua obra dedicada à analítica do poder. O que é Poder?, é justamente onde o poder não aparece como

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