Inteligencia Artificial para un futuro sostenible: desafíos jurídicos y éticos

Big data e inteligência artificial: a ascensão das técnicas digitais de controle social 264 do poder. O sujeito de desempenho é mais rápido e mais produtivo que o sujeito da obediência. O poder, porém, não cancela o dever. O sujeito de desempenho continua disciplinado. Ele tem atrás de si o estágio disciplinar. O poder eleva o nível de produtividade que é intencionado através da técnica disciplinar, o imperativo do dever, mas em relação à elevação da produtividade não há qualquer ruptura; há apenas continuidade (Han, 2017a, pp. 25-26). Há, portanto, não uma completa substituição da biopolítica foucaultiana para a psicopolítica, mas em verdade uma continuação entre ambas. As prisões, os manicômios, as escolas, as fábricas e os quartéis não deixaram de existir. Contudo, se faz presente, de forma onipresente e virtualmente invisível, uma nova forma de poder, ainda mais aguda do que aquela forma de poder cujo exercício recaía diretamente sobre o corpo dos sujeitos a serem normados, no termo de Foucault, mas, antes de tudo, incide sobre os processos psíquicos e opera instrumentalizando a liberdade, subvertendo-a em autoexploração, em uma violência praticada a partir do próprio indivíduo contra si mesmo (Han, 2017c). A vigilância psicopolítica, diferentemente daquela biopolítica, é aperspectivística e, apesar de também ser realizada de forma indiscriminada por entes públicos e privados, muitas vezes em conluio, também o é realizada pelos próprios sujeitos uns em detrimento dos outros, uns possibilitando e colaborando para com a vigilância de si e dos outros. O poder psicopolítico é exercido sobre o indivíduo sem oposição, mas através de sua colaboração. A transparência, elevada a imperativo ético na administração pública e transposta à vida privada, fornece a legitimação da exposição em rede que sustenta a vigilância on-line. A subjetividade voltada ao desempenho alimenta a necessidade de exposição e de autoaprimoramento constante, emuma busca incessante por produtividade e acúmulo de capital. Tudo isso é fomentado pela eliminação da negatividade, da coerção, do constrangimento ao indivíduo, fenômeno que Byung-Chul Han identificou como causa no excesso positividade, traduzido em um estímulo constante ao uso da liberdade: liberdade para consumir, interagir, comunicar, expor, de forma livre de obstáculos, enquanto estas atividades geram lucro ou matéria-prima (dados) a conglomerados empresariais e órgãos governamentais, mas não só. O próprio sujeito, agora empreendedor de si, encontra-se dependente destes mesmos mecanismos

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