XXI SEMINANOSOMA

167 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) dologias de avaliação de riscos para a avaliação dos riscos potenciais das substâncias e materiais convencionais para o homem e para o am- biente sejam amplamente utilizadas e geralmente aplicáveis aos nano- materiais, os aspectos específicos relacionados com os nanomateriais ainda carecem de maior desenvolvimento. Isto irá continuar a acon- tecer até que a informação científica disponível seja suficiente para caracterizar os efeitos nocivos dos nanomateriais sobre o homem e o ambiente. A metodologia para estimativas de exposição e identificação de perigo precisa ser desenvolvida , validada e normalizada. O maior risco e, portanto, preocupação, é considerada como sendo associada à presença ou ocorrência de partículas livres insolúveis (não vincula- dos) em uma solução líquida ou partículas aerotransportadas. 6 Vale ressaltar que há mais dúvidas do que respostas. Riscos potenciais à saúde humana e animal, impactos nocivos ao meio ambiente e até em relação ao comportamento do homem são desconhecidos. O processo de análise de risco atinente às nanotecnologias é metódico e prescinde de elevado nível técnico que seja capaz de reconhecer as possibilidades de um produto de nanotecnologia chegar a causar al- gum dano futuro. Como enfrentar essa realidade de riscos múltiplos é o grande desafio da atualidade. Compreender a modificação de perspectiva do risco nesse contexto complexo se faz necessário para propor caminhos adequados. 2.2 Risco e perigo: uma perspectiva tradicional A imprevisibilidade dos eventos climáticos extremos e sua fu- tura magnitude são a fonte de um novo tipo de risco e as dificuldades de enfrentamento efetivo dessa realidade podem ser sintetizadas com a noção do risco da inadaptação. Uma perspectiva tradicional de risco e perigo dá lugar a uma nova dimensão de imprevisibilidade. Para Ulrich Beck, a ameaça e a insegurança são condições de existência para a humanidade desde sempre.7 A incerteza dos des- cobrimentos marítimos, por exemplo, ficava limitada aos riscos da empresa em si, onde os recursos materiais, econômicos e humanos podiam perder-se frente ao desconhecido. Comparativamente com as apostas na tecnologia da atualidade, os riscos são representativos de incertezas e de possibilidades que podem comprometer o futuro. O 6 BUENO; JESUS, op. cit., p.18. 7 BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo mundial: en busca de la seguridad perdida. Barcelo- na: Paidós, 2008. p. 20.

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