171 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) Para além da perspectiva de Sociedade de Risco e da diferenciação entre risco e perigo, tem-se que o maior dos riscos/perigos que a sociedade mundial enfrenta hoje é especificamente a inadaptação ao risco, ou a incapacidade de identificar o alcance das decisões equivocadas. Se a existência de riscos e perigos já se transformou em algo de grande complexidade antes das mudanças do clima e das tecnologias fontes de riscos, com elas, torna-se ainda mais desafiador. 2.3 O risco da inadaptação: uma nova perspectiva A incapacidade de perceber as ligações entre os elementos que compõem a complexidade da realidade atual aliada a uma postura de subestimação das consequências que podem decorrer de decisões am- bientais equivocadas no presente. Possivelmente em alguns aspectos a ciência não consiga ainda abarcar toda a complexidade das interligações que existem entre os processos naturais e a ação humana, porém já é possível avaliar com grande precisão um considerável rol de fatores de riscos aos qual a humanidade está submetida, até porque a sociedade se caracteriza pelas inúmeras possibilidades de escolhas e assim pela hipercomplexidade.21 É possível se depreender assim, que o maior risco que a humanidade e a sociedade como estruturada hoje está exposta é justamente o risco da inadaptação à realidade por ela mesmo produzida. Para compreender melhor a noção de inadaptação, oportuno destacar dois exemplos de inadaptação, quais sejam o da Ilha de Páscoa que protagonizou um colapso ecológico22 e da Hispaniola com a grave situação humanitária do Haiti. Trata-se de exemplos de inadaptação ambiental do passado e que servemde base para reflexão sobre a atualidade. A humanidade sempre dependeu do grau de adaptação que se conseguia alcançar, adaptação que significou a transformação gradativa e sistemática dos recursos disponíveis com o fim de manter determi- nados padrões que na sociedade global atual são inúmeros e cuja ma- nutenção deles é essencial, ao menos para manter a atual configuração, onde o consumo é uma das bases da dinâmica social muito condiciona- da a necessidades produzidas. Há uma evidente ligação entre ecologia, economia e sociedade.23 21 ROCHA, Leonel Severo; KING, Michael; SCHWARTZ, Germano. A verdade sobre a autopoiese do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009. p. 21-22. 22 DIAMOND, Jared. Colapso. Tradução de Alexandre Raposo. 7. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 38. 23 BUSTAMANTE, Laura Perez. Los derechos de la sustentabilidad: derarrollo, consumo y ambiente. Buenos Aires: Colihue, 2007. p. 13-17.
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