Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 176 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A NANOAGRICULTURA BRASILEIRA: DA PANACEIA AO NECESSÁRIO AMADURECIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Jorge Luiz dos Santos Junior Wander Demonel de Lima Wander Luiz Pereira dos Santos 1. Introdução O Brasil, com sua vasta extensão territorial e diversidade so- ciocultural, abriga uma multiplicidade de sistemas agrícolas que vão desde grandes propriedades tecnológicas até práticas tradicionais conduzidas por agricultores familiares, quilombolas e comunidades indígenas. Essa diversidade reflete toda a riqueza cultural do país, e revela os desafios para a formulação de políticas públicas que contem- plam as especificidades de cada realidade. Enquanto algumas regiões como a do Mato Grosso, além do oeste da Bahia, se destacam pela produção em larga escala, outras, como o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo, as montanhas capixabas ou os municípios da Zona da Mata ou do Semiárido do Nordeste, mostram a relevância de práticas agroecológicas e da agricultura familiar (SANTOS JUNIOR, 2023). Além disso, tem-se a agricultura extrativista, de subsistência e tradicional de po- vos originários e comunidades tradicionais. Tal pluralidade exige olhares que respeitem as particularidades locais e evitem a imposição de modelos homogêneos e excludentes. Nesse contexto, a introdução de tecnologias como inteligência artificial (IA) e a nanotecnologia no setor agrícola tem sido apresen- tada como uma solução promissora para melhorar a eficiência, a pro- dutividade e a sustentabilidade. Entretanto, essas inovações, muitas vezes exaltadas como panaceias, têm demonstrado limitações impor- tantes. O modelo de agricultura 4.0, resultante dessas novas tecnolo- gias, depende fortemente de conectividade e equipamentos de ponta. Isso favorece os grandes produtores com infraestrutura e recursos financeiros adequados. Em contrapartida, os pequenos agricultores enfrentam grandes barreiras à entrada. Além disso, o conceito de sustentabilidade associado a essas tecnologias é frequentemente restrito e técnico, focando na eficiência produtiva sem considerar as dimensões sociais, culturais e ecológicas. Avanços tecnológicos podem diminuir o uso de insumos e impulsioDOI: https://doi.org/10.29327/5457536.1-12
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