177 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) nar a produtividade. No entanto, não resolvem problemas estruturais históricos que perpetuam a exclusão e vulnerabilidade de pequenos agricultores. Isso inclui a concentração fundiária, a dependência de grandes corporações e a falta de políticas públicas adaptadas às necessidades locais. Este capítulo propõe uma análise crítica da implementação das tecnologias emergentes no cenário agrícola brasileiro. Argumenta-se que o progresso exige a formulação de políticas públicas que consi- derem a pluralidade agrícola e cultural do país, promovendo inovação de forma inclusiva e sustentável. A proposta é repensar as estratégias de desenvolvimento rural para integrar justiça social, valorização da diversidade e preservação ambiental. 2. As promessas para o agro e a concentração agrícola no Brasil: da Revolução Verde à Inteligência Artificial. Todas as revoluções tecnológicas, incluindo a Inteligência Arti- ficial, compartilham de características comuns: apresentam uma série de riscos, desafios e oportunidades. Os riscos podem ser ambientais, químicos, físicos, biológicos, sociais ou até comportamentais. Já os desa- fios e oportunidades geralmente estão ligados à geração de renda e de- senvolvimento de novos mercados. Elas são geralmente bem recebidas pela população, movida pela curiosidade e pela fascinação. No entanto, são frequentemente controladas por grandes corporações e não contam com um aparato regulatório eficiente e/ou suficiente (FREUDENBURG, 1992; LUHMANN, 1996; DOUGLAS; WILDAVSKY, 2002; BECK, 2008). Essa combinação – entre o entusiasmo popular, o controle corporativo e a falta de regulação adequada – tende a provocar distúrbios e processos de destruição criativa, resultando em mudanças disruptivas para as quais ainda não existem modelos consolidados de avaliação de custos e benefícios. Esse fenômeno pode ser observado em todas as tecnologias aplicadas à agricultura, desde a chamada “Re- volução Verde” até as inovações mais recentes. O desenvolvimento agrícola no Brasil tem sido moldado por ondas tecnológicas que prometem aumentar a produtividade e a efi- ciência, entre essas, a “Revolução Verde”, a nanotecnologia e, mais recentemente, a inteligência artificial (IA). Cada uma dessas novidades, embora traga a promessa de transformar a agricultura brasileira, também carrega desafios, especialmente para países como o Brasil, que enfrentam barreiras relacionadas à dependência tecnológica e ao acesso desigual a esses avanços.
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