XXI SEMINANOSOMA

Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 178 A “Revolução Verde”, impulsionada nos anos 1960 e 1970, trouxe consigo a mecanização da agricultura, o uso intensivo de fer- tilizantes químicos e pesticidas, além do desenvolvimento de variedades de alto rendimento. No Brasil, essa transformação foi responsável por uma profunda modernização do setor agrícola, possibilitando o aumento da produtividade e a expansão da fronteira agrícola. No entanto, as promessas dessa revolução foram acompanhadas por conse- quências socioambientais bastante impactantes e com repercussões negativas, em especial o aprofundamento da concentração fundiária. Estudos críticos que analisam todo esse aspecto da transforma- ção agrícola no Brasil (GONÇALVES NETO, 1997; GONÇALVES, 2005; KAGEYAMA; GRAZIANO DA SILVA, 1987; LEITE, 2005), apontam para os impactos negativos dessa transformação. A “Revolução Verde” con- tribuiu para a concentração de terras e a intensificação de monocultu- ras, como a soja e o milho, que, portanto, agravaram a desigualdade no campo. Pequenos agricultores muitas vezes ficaram marginalizados (ou excluídos), sem acesso às novas tecnologias, o que perpetuou a dependência de insumos e maquinários importados. Além disso, o uso intensivo de agroquímicos resultou em danos ambientais significati- vos, como a degradação do solo e a contaminação de recursos hídricos. Nos anos 2000, a nanotecnologia emergiu como uma inovação tecnológica bastante promissora para o setor agrícola. Com o poten- cial de melhorar a eficiência do uso de insumos, como fertilizantes e pesticidas, além de possibilitar o desenvolvimento de novos materiais e sensores para monitoramento de lavouras, ela promete revolucio- nar as agriculturas brasileiras (SANTOS JUNIOR; CHAIN, 2009; SAN- TOS JUNIOR; SANTOS, 2016). Todavia, várias pesquisas realizadas no âmbito da Rede Brasileira nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (PEREIRA; WINCKLER; TEIXEIRA, 2017; MARTINS; SANTOS JUNIOR, 2023, SANTOS JUNIOR, 2024) revelam que, apesar das promessas, há incertezas em relação aos impactos a longo prazo no meio ambiente e na saúde humana. A manipulação de materiais em escala nanomé- trica pode resultar em novos riscos ecológicos, especialmente se os produtos não forem devidamente testados antes de sua introdução no mercado O . utro ponto nevrálgico refere-se ao fato de que o acesso a essa tecnologia é altamente desigual. O Brasil, apesar de possuir um setor de pesquisa acadêmica de excelência (diversas universidades, Empre- sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Instituições Estaduais de Pesquisa e Extensão Rural, etc.), depende em grande medida de inovações geradas por países desenvolvidos. Isso cria uma barreira

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