XXI SEMINANOSOMA

179 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) para a adoção em larga escala, especialmente entre pequenos e médios produtores, que enfrentam dificuldades no acesso a financiamentos e tecnologias de ponta. Além disso, os elevados custos para produzir no- vos conhecimentos e soluções, aliados à ausência de um marco regulatório claro para o uso de nanotecnologias na agricultura, dificultam sua disseminação. Problemas semelhantes surgem com outras soluções tecnológicas, como a introdução de novas sementes e mudas melhoradas. Esses grãos geneticamente modificados são mais resistentes a pragas e doenças, aumentando a produtividade. No entanto, essa dependência tecnológica cria um problema: os agricultores tornam-se reféns de grandes empresas detentoras das patentes, o que pode aumentar os custos de produção, reduzir a autonomia dos produtores e comprometer a segurança alimentar (SANTILI, 2012). Agora, a inteligência artificial (IA) tem sido apontada como a mais recente onda tecnológica a transformar o agronegócio. Tecnologias baseadas em IA, como a agricultura de precisão, o uso de drones e sensores conectados à internet das coisas (IoT), estão sendo imple- mentadas para otimizar o manejo de culturas, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade. Com a análise massiva de dados, os agricul- tores podem tomar decisões mais informadas sobre irrigação, contro- le de pragas e uso de fertilizantes, minimizando custos e maximizando a eficiência. No entanto, mais uma vez, para países em desenvolvimento como o Brasil, que ainda sofrem com infraestruturas tecnológicas deficientes, a implementação dessas inovações enfrenta obstáculos. A de- pendência de empresas multinacionais para o fornecimento de tecno- logia de IA cria um cenário de vulnerabilidade tecnológica. O controle sobre os dados gerados no campo, muitas vezes, é monopolizado por empresas estrangeiras, limitando o desenvolvimento de soluções lo- cais. Além disso, o alto custo de adoção dessas tecnologias é uma barreira para pequenos e médios produtores, que enfrentam dificuldades para acessar crédito rural e financiamento para inovação. Assim, o que se vê como regularidade histórica é a dependência tecnológica do Brasil em relação aos países desenvolvidos em to- das essas ondas de inovação. A “Revolução Verde” foi marcada pela importação de máquinas e insumos químicos controlados por grandes corporações; a nanotecnologia, por sua vez, depende de um complexo aparato de pesquisa e desenvolvimento majoritariamente concentra- do no Norte Global; e a IA é dominada pelas bigtechs internacionais que controlam as principais plataformas de dados e algoritmos. Essa

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