183 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) e robótica, e operação de máquinas autônomas, como colheitadeiras e semeadoras. Essas máquinas também coletam informações que aju- dam na gestão das propriedades. Produtores podem usar esses dados para planejar estoques, acompanhar variações de preços de frete, analisar o desempenho das safras e decidir o que plantar ou vender. A distribuição dessas tecnologias, porém, também não é equi- librada. Grandes propriedades têm mais facilidade para adotar inovações, enquanto pequenos agricultores enfrentam dificuldade devido à falta de conectividade, conhecimento técnico e treinamento. Segundo o Censo Agropecuário de 2017 (IBGE, 2017), 71,8% das propriedades rurais ainda não têm acesso à internet, o que dificulta a expansão da chamada agricultura digital. Inteligência artificial trouxe um novo olhar para a questão da sustentabilidade no agronegócio. Algoritmos e sensores prometem um uso mais inteligente de recursos naturais, como água e fertilizantes, reduzindo desperdícios. No entanto, essa visão de sustentabilidade, focada em eficiência técnica, costuma deixar de lado questões sociais. Pequenos agricultores, com acesso limitado às tecnologias, enfrentam desvantagens que podem agravar a concentração de terras. Veja-se o caso do uso de drones na agricultura o qual permite ummonitoramento mais preciso das plantações, aplicação de insumos de forma mais eficiente e coleta de dados em tempo real. No entanto, apesar de a tecnologia aumentar a eficiência e produtividade, ela também cria uma dependência dos agricultores aos fornecedores de drones, bem como às patentes de câmeras e softwares incorporados nesses novos “instrumentos agrícolas”. Isso pode resultar em um fluxo significativo de renda para as empresas que detêm essas tecnologias, muitas vezes localizadas fora do Brasil. Outro aspecto relevante é o impacto social da automação e do uso de IAs no campo. O uso crescente de máquinas e algoritmos no gerenciamento agrícola tende a diminuir a necessidade de mão de obra humana. Isso pode intensificar o êxodo rural e aumentar a con- centração de terras. Reforça os problemas históricos de desigualdade no campo brasileiro e enfraquece as práticas e modos de vida tradicionais. O Brasil enfrenta atualmente um grave problema de sucessão rural2, o que pode agravar ainda mais as condições socioeconômicas de algumas regiões. Assim, percebe-se que a sustentabilidade rural não se resume a produzir mais commenos recursos, mas também passa pela fixação de 2 Para o tema da problemática da sucessão rural confira SANTOS JUNIOR & RANGEL (2009).
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