Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 184 famílias no campo, geração de emprego e pela preservação de culturas locais. Para que a IA contribua de forma mais ampla, é necessário pen- sar em soluções que considerem os diferentes perfis de produtores. É preciso investir na inclusão tecnológica, com acesso à internet, capa- citação e políticas que favoreçam os pequenos agricultores. Somente assim será possível promover uma agricultura que combine inovação com respeito às pessoas e ao meio rural. A partir de todo esse debate, percebe-se que a ideia de agricul- tura sustentável deve ir além da eficiência técnica passando a considerar uma visão mais holística, que inclua aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos. A sustentabilidade não se limita à produtivi- dade do solo e à eficiência no uso de insumos. Inclui a preservação dos modos de vida no campo, a produção de alimentos saudáveis e diver- sificados, e a valorização das culturas locais. Nesse contexto, é essencial incorporar a diversidade agrícola como um princípio central. A dependência econômica associada a poucos produtos rurais torna o sistema susceptível a crises, sejam elas climáticas, econômicas ou de saúde pública, como demonstrado pela pandemia de covid-19. A produção diversificada de espécies agrícolas fortalece a resiliência do sistema. Além disso, contribui para a segu- rança alimentar e nutricional, proporcionando uma dieta equilibrada e saudável para a população (LEAL FILHO et al., 2022). Além disso, a valorização das sementes crioulas, desenvolvidas ao longo de séculos de práticas agrícolas tradicionais, é um componente essencial de uma agricultura sustentável. Esses grãos são adaptados às condições locais e possuem um valor inestimável para a preserva- ção da biodiversidade e da soberania alimentar. No entanto, as inovações tecnológicas promovidas pela biotecnologia, nanotecnologia e IA tendem a marginalizar essas práticas, impondo sementes genetica- mente modificadas e tecnologias patenteadas que beneficiam grandes corporações em detrimento dos pequenos agricultores. 4. Desigualdade tecnológica e o papel das políticas públicas A história da “Revolução Verde” demonstra como inovações tecnológicas, ao mesmo tempo que aumentam a produtividade, po- dem também aprofundar desigualdades no campo. Grandes propriedades agrícolas, com recursos para adotar mecanização, agroquími- cos e sementes melhoradas, conseguiram expandir suas produções. Em contrapartida, pequenos agricultores foram pressionados pelo êxodo rural e pelo custo dos insumos agrícolas, intensificando a con-
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