XXI SEMINANOSOMA

185 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) centração fundiária e gerando dependência de insumos e tecnologias importados. Atualmente, a agricultura brasileira enfrenta desafios seme- lhantes com a introdução de tecnologias avançadas, como sementes geneticamente modificadas, drones, softwares de gestão, e máquinas autônomas. Essas inovações permitem uma maior eficiência no mo- nitoramento de plantações, na aplicação de insumos e na gestão de negócios. No entanto, caso não haja políticas públicas de incentivo à criatividade e inovação autóctone, o que se espera é a exacerbação da dependência tecnológica na agricultura. Para os avanços no que tange a essa agricultura mais tecnológi- ca é indispensável um salto da conectividade no meio rural, facilitada pela internet via satélite. Essa infraestrutura permite que agricultores acessem informações em tempo real, utilizem aplicativos de gestão e se conectem a mercados e fornecedores. Essa conectividade introduz desafios, como a proteção de dados estratégicos gerados por tecnologias. Eles podem ser explorados por grandes conglomerados interna- cionais. Isso consolida oligopólios no mercado de insumos agrícolas. Assim, o desenvolvimento agrícola insere-se na temática da soberania informacional. Além disso, a introdução de inteligência artificial (IA) no agro- negócio pode aprofundar ainda mais a concentração tecnológica já observada no setor de insumos e implementos. Grandes empresas têm maior facilidade em adotar essas tecnologias de ponta, enquanto pequenos agricultores enfrentam barreiras expressivas, como a falta de capacitação técnica e acesso a créditos. Assim como na “Revolução Verde”, há o risco de que a IA amplie as desigualdades no campo, caso seu acesso não seja democratizado. Esses desafios são agravados por problemas estruturais no Brasil, como baixa conectividade (71,8% das propriedades rurais ain- da não têm acesso à internet, segundo o Censo Agropecuário de 2017) e falta de qualificação da mão de obra agrícola. Para superar essas bar- reiras e evitar o aprofundamento das desigualdades, é fundamental que o Brasil adote um planejamento estratégico. Isso inclui o desenvolvimento de tecnologias adaptadas às realidades locais, a proteção dos dados agrícolas e a promoção de parcerias entre startups, uni- versidades e o setor privado. Políticas públicas robustas e integração tecnológica inclusiva são essenciais. Elas garantem que as inovações tecnológicas beneficiem todos os agricultores, promovendo equidade e sustentabilidade no campo.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz